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Angélica encontrou a união entre os estudos e condicionamento físico (Foto: Arthur Soares) |
Por Talita Déda
Quem pensar que o boxe é um esporte feito para machões sarados, pode parar por aí e levar um golpe frontal direto, porque a cada ano cresce o número de mulheres que praticam o esporte e mostram sem esquivar, que esta prática pode ser mais feminina do nunca.
A modalidade tem se tornado uma preferência com a mulherada, que procuram no pugilismo uma maneira de modelar o corpo, criar mais resistência, condicionamento físico e exercitar a defesa pessoal através da arte marcial.
Segundo Valter Duarte, presidente da Federação Sergipana de Boxe – FSB – de 2006 a 2011, tem ocorrido uma massificação de praticantes no Estado e parte desta evolução é fruto da presença feminina no esporte.
Hoje estão inscritas na modalidade mais de 70 mulheres, que treinam em diversas academias espalhadas por Aracaju. Um dado que transforma o combate num espetáculo em massa e uma abertura para novas conquistas no esporte em Sergipe.
As meninas com punhos de aço que partem para o ataque são de todas as idades e buscam na modalidade um diferencial nos exercícios físicos. Opinião compartilhada pelo professor de boxe, Augusto Sérgio, mais conhecido como Sérgio Monstro, que pratica o esporte há 20 anos e há 16 ensina a arte marcial a homens, mulheres e crianças.
“Grande parte das mulheres estão cansadas da ginástica convencional, que por hora são demasiadamente repetitivas, no boxe elas conseguem trabalhar os exercícios aeróbicos unidos a defesa pessoal na busca pela qualidade de vida”, destaca o professor.
Para ele, o boxe trabalha a força corporal através do ganho de massa muscular e a rítmica atribuída ao esporte faz exercitar as partes individuais do corpo e obter um benefício estético em curto prazo.
PRIMEIRO ROUND
A estudante de educação física Angélica Cristina Amorim, 21, está nesse grupo. Ela descobriu o boxe há dois meses e já aponta como uma nova oportunidade de aprimorar os estudos, tonificar o seu corpo e vencer estereótipos.
“Eu me sinto bem praticando a luta, e acho que as mulheres devem praticar, pois hoje já não vejo tanto preconceito nesta prática, pelo contrário, os meus colegas de luta me apoiam e incentivam para que eu continue no esporte e até possa competir futuramente”, diz a estudante boxeadora.
Para a jovem, além dos benefícios na saúde, o esporte pode tornar a mulher ainda mais atraente e até mesmo enigmática. “É um diferencial, um charme, às vezes na paquera há um carinha que me olha e pensa que sou bonitinha e frágil, mas ele nem sabe que por traz dessa imagem, há uma lutadora de boxe”, brinca Angélica.
Enquanto algumas enxergam na luta um diferencial e uma resistência corporal, outras lutam no ringue contra a balança. Este é o caso Yasmin Pires, 15, que exercita boxe há três meses e já perdeu cinco quilos. “Fui a uma nutricionista para perder peso que conciliado a dieta, indicou o boxe, pois ele mexe com todo o corpo e elimina o peso mais rápido”, ressalta Yasmin.
SEGUNDO ROUND
Em meio aos socos, elas se desprendem das pressões exigidas pelo trabalho ou pela cobrança familiar que requer muita valentia e dribles. Para conciliar as atividades funcionais e transformar os golpes baixos que levam no dia a dia, enxergam na luta um meio de união entre corpo e mente.
Para golpear o maior adversário: o estresse, com todo o peso pesado de autoconfiança, a administradora Lúcia Augusta, 59, viu no boxe a melhoria contra estes fatores. “A partir da luta enfrentamos nossos medos e ficamos mais autoconfiantes e seguras das nossas atitudes. Por ser uma atividade rotativa e que requer agilidade acabamos passando isso para a nossa vida”, enfatiza Lúcia Augusta.
A administradora que também pratica pilates, yoga e capoeira, adquiriu no boxe o melhor resultado estético. “O esporte ajuda a reduzir os pneuzinhos que tantos nos incomodam, além de modelar aquela cinturinha de pilão e de nos livrar dos problemas hormonais que nos perseguem”, destaca Lucia Augusta.
O NOCAUTE
De acordo Valter Duarte, que também é pugilista, o boxe feminino deu o seu maior nocaute em 2010, quando foi oficializada a participação feminina nas Olimpíadas, tornando-o, uma modalidade reconhecida. “É uma conquista gloriosa que demonstra a autoafirmação das mulheres no boxe”, comemora Valter Duarte.
Para praticar do desporto não é necessário baixar a guarda, pois não existe nenhuma restrição, sendo ele recomendado para todas as pessoas aptas a encarar uma luta com 14 assaltos dividida em 17 categorias de peso.
Como toda conquista requer um troféu, neste caso um cinturão de ouro, em Sergipe acontecerá no período de 2 a 15 de julho, o Campeonato Brasileiro de Boxe, que nesta edição contará com a participação do boxe feminino e juvenil, realizada em parceria com a Federação Sergipana de Boxe-FSB, filiada ao Comitê Olímpico Brasileiro de Boxe, ao Comitê Olímpico Internacional de Boxe e ao Conselho Mundial de Boxe.
Fonte: http://www.cinform.com.br/noticias/9420112253637208/no-ringue-elas-nocauteiam-qualquer-mulher-parada.html